Dieta da Proteína: Tudo o Que Você Precisa Saber
O que é a Dieta da Proteína
Quem já não ouviu falar da famosa Dieta da Proteína? Esta dieta teve seu início desde a década de 70, sendo relançada e ganhando força e fama oficialmente na década de 90, onde virou uma febre desde então.
A dieta da proteína foi desenvolvida pelo médico cardiologista Robert Atkins, por isso a dieta tornou-se conhecida mundialmente como Dieta do Dr. Atkins.
No entanto, a grande maioria das dietas nascidas posteriormente, baseiam nos fundamentos da dieta do Dr. Atkins, e dentre elas, podemos destacar a famosa Dieta Dukan e Dieta Paleolítica. Por mais que os autores neguem, a base é a restrição de carboidrato (total ou parcial) com uma ou outra manobra, para parecer uma grande novidade aos consumidores de seus livros.
A dieta da proteína se destaca pela restrição dos carboidratos, pois acredita-se que ao eliminar essa principal fonte de energia do nosso organismo, o corpo é forçado a utilizar as reservas de gordura como substrato energético e, assim, obtendo a tão desejada redução de gordura.
O menu limitado da dieta da proteína é composto principalmente por carnes em geral, embutidos, ovos e lácteos integrais.
A Dieta da Proteína Funciona?
É a pergunta que não quer calar. Quando pegamos uma amostra da população brasileira, identificamos o consumo de carboidratos, especialmente os refinados, como acima da média. Por tal, com um raciocínio lógico, no momento em que retirar este alimento o corpo sofrerá um choque, e certamente haverá algum resultado.
Vamos pegar o exemplo mais tradicional:
Um indivíduo obeso e sedentário, consome em seu desjejum, de 1 a 2 pães com manteiga e uma tradicional xicara de café com leite, geralmente com adição de açúcar.
Apenas neste exemplo já observamos 2 erros:
- Excesso de carboidrato simples.
- Deficiência de proteína.
Por tal, quando o indivíduo deste exemplo, trocar seu desjejum tradicional por ovos mexidos, certamente causará um grande choque em seu organismo e sentirá diferença em poucos dias no seu peso.
Mas será que é tão simples obter resultados concretos e saudáveis, seguindo uma dieta genérica, ou seja, não respeitando a individualidade biológica?
Por que o sobrepeso e obesidade só aumentam a cada dia, se existe uma estratégia altamente eficaz há décadas?
Vamos imaginar um novo exemplo:
Indivíduo praticante de atividade física moderada há 3 meses, frequência de 4x por semana, com sobrepeso e rotina de trabalho intensa e estressante. Atualmente, consome uma panqueca de banana, aveia e ovos em seu desjejum.
Certamente, se este indivíduo eliminar o carboidrato de seu desjejum, retirando a banana e aveia, além de comprometer seu humor e rendimento no treino, seu corpo não responderá da mesma forma que o exemplo anterior do indivíduo sedentário, com café da manhã rico em carboidrato simples e pobre em proteína.
E dentre os principais motivos do segundo exemplo, podemos apontar a rotina com exercícios moderados e o café da manhã com boas fontes de carboidratos juntos à proteína, ou seja: uma verdadeira refeição balanceada.
As Pessoas têm Necessidades Diferentes
Os fatores individualidade biológica e rotina, é que definem a necessidade nutricional de cada um de nós.
Se pegarmos uma rotina alimentar extremamente bagunçada e principalmente, sedentária, provavelmente teremos algum resultado com a dieta da proteína, de forma genérica, no entanto, quando temos outras variáveis, o resultado pode não ser tão agradável e talvez nem apareça.
Dieta da Proteína e Consequências Fisiológicas
Consumir carne excessivamente vem sido tema de muitos congressos em saúde e longevidade, principalmente por sua qualidade nos tempos de hoje e consequentemente todo impacto em nosso sistema digestório.
Agora imagine comermos carne em grandes quantidades sem balanceamento com o carboidrato? E pior, comermos embutidos, como sugerido pelas principais dietas da proteína?
Excesso de proteína e principalmente, sódio, formam a combinação fatal para fígado, rim e coração.
E quando pensamos fisiologicamente na restrição de carboidrato, certamente você já tenha observado os adeptos à dieta da proteína expostos à quadros de tonturas, fraqueza e desmaios, principalmente aqueles praticantes de atividade física com baixa no rendimento, além de alteração no estado de humor e concentração, uma vez reconhecida que a glicose é o principal substrato energético para o cérebro.
Outro ponto notável, e ainda mais preocupante do que pareça, é o quadro de constipação intestinal devido ao baixo consumo de fibras na dieta da proteína, potencializado ao alto consumo de alimentos de difícil digestão.
A Dieta da Proteína Pode Ser Uma Boa Estratégia Temporária?
E no fim das contas, os resultados superam os sintomas? Vale à pena tentar a dieta da proteína, ainda que como uma estratégia temporária? Essa resposta deve ser feita em duas etapas.
Se pegarmos os 2 exemplos citados no começo do texto, aquele indivíduo que consome excesso de carboidratos simples e acima de tudo, é sedentário, certamente ficará contente com os resultados da dieta da proteína, pois em relação à sua rotina e estilo de vida, o carboidrato realmente era um vilão, afinal comer em excesso pães, arroz, batata e massas em geral, não requer muito conhecimento específico para saber que é uma verdadeira dieta de engorda.
Já o indivíduo do outro exemplo, não teria o mesmo benefício com essa dieta genérica, pois além de ser um esportista, já tem em sua rotina boas fontes de carboidratos de baixo índice glicêmico, balanceados com proteína e fontes de gorduras boas.
Por tal, neste exemplo, à princípio pode haver perda de gordura, mas certamente haverá perda de massa muscular pela falta de carboidrato.
E o mais chocante:
Excesso de proteína vira gordura.
Sim, proteína pode virar gordura corporal quando o consumo está acima da necessidade individual, algo muito comum na dieta da proteína, pois o consumo é predominante por alimentos ricos em proteína.
Conclusão sobre a Dieta da Proteína
E qual conclusão podemos tirar desse texto?
Que carboidrato pode ser tanto o vilão como o mocinho. O que define esta classificação é simplesmente sua necessidade nutricional em cima de sua rotina real.
Os exemplos desse texto foram oportunos para abrir a mente e entender que não existe verdade absoluta, assim como, não existe a melhor dieta. Na verdade, a melhor dieta é aquela que foi balanceada em cima de suas necessidades.
A propósito, copiar a dieta da ‘’Musa Fit’’ da rede social, não trará o corpo dela.
Dicas Para Uma Dieta Equilibrada
Se deseja mudar e obter resultado, primeiramente desenvolva melhor o senso crítico. Se está usando e abusando de pães, massas, bolos, biscoitos e similares, comece hoje a reduzir ao ponto de restringir esses alimentos a médio e longo prazos.
Como substituto, priorize os carboidratos de baixo índice glicêmico e preferencialmente naturais, tais como:
- batata doce,
- inhame,
- arroz integral,
- quinoa em grãos,
- aveia em flocos.
Outro ponto de destaque é controlar o consumo de frutas, que por sinal, é um erro grave em nosso país tropical. Consuma frutas com moderação, e sempre em sua forma íntegra em combinação com outro alimento, por exemplo:
- banana + aveia + chia,
- mamão + linhaça + amêndoas.
Os exemplos acima são maneiras de se combinar boas fontes de carboidratos com fontes de fibras e gorduras boas, para que o impacto do índice glicêmico seja menor.
A dica mais valiosa quando falamos em carboidrato é:
Para quê consumir aquele monte de arroz no almoço, se passará a tarde inteira sentado em frente ao computador? Ou seja – não haverá demanda energética de seu corpo para toda aquela quantidade de comida.
Entendeu o ponto em que abordamos sobre o carboidrato ser o vilão ou o mocinho?
Carboidrato à Noite – Pode?
Aquela história de cortar o carboidrato após 18h, não é bem por aí. O gasto calórico durante o sono reduz apenas 15% em média em relação ao gasto calórico durante o dia. Por tal, ‘’cortar’’ não é o termo, mas, reduzir, sim. Se consome 100g de arroz integral no almoço, consuma menos do que isso no jantar. E assim por diante.
Pré treino
Já no pré-treino, consuma carboidrato em quantidade suficiente para obter rendimento satisfatório. Comece sempre por uma pequena quantidade, e se notar sintomas de fraqueza, aumente a porção de carboidrato no próximo treino até chegar no ponto ideal para seu organismo.
Para dar uma noção geral, priorize carboidrato no desjejum, pré e pós-treino, pouco no almoço e ainda menos no jantar. Nas refeições intermediárias faça combinações de gordura e quando possível e acessível proteína, podemos citar alguns exemplos:
– Abacate avocado + ovo cozido
OU
– Castanhas + frango grelhado
OU
– Se precisar de algo mais prático para o ambiente de trabalho, faça uma combinação de um suplemento proteico + óleo de coco.
Lembre-se que todo processo de mudança é difícil e requer muita disciplina. Planeje, organize e execute da forma mais sustentável possível, para que todo o benefício seja vitalício e que o efeito sanfona deixe de existir.
Com as orientações citadas anteriormente, implante progressivamente em sua rotina os novos hábitos. O tempo passa muito rápido, e logo mais, o que parecia impossível em mudar, já virou cotidiano e os resultado será apenas uma questão de tempo.
texto por @nutrirafaelduarte
Excelente texto! Parabéns!
Obrigada, Rafaela!